Crenças paralisantes – Parte #1: A floresta dos problemas insolúveis

Crenças paralisantes – Parte #1: A floresta dos problemas insolúveis

Quando você trabalha com clientes por algum tempo, percebe que existem algumas características e hábitos que são comuns entre eles. Não importa em qual segmento atuam, sua formação ou hierarquia, fatalmente vemos alguns padrões emergirem durante essas relações.

Em alguns casos, são qualidades incríveis: traços de liderança e brilhantismo. Em outros, algo diferente. Por falta de um nome melhor, batizei-os de “crenças paralisantes”.

As tais crenças são algumas “verdades” que se assumem em relação a temas e, apesar de funcionarem como atalhos que aceleram a tomada de decisão em alguns casos, engessam a inovação, coíbem a possibilidade de se encontrar soluções e inibem o aprendizado.

Por isso, decidi criar uma série de artigos para discutir algumas dessas ideias, como detectá-las e, possivelmente, livrar-se delas.

Nesse primeiro artigo, vamos falar sobre:

A floresta dos problemas insolúveis – “Meu problema é muito (mas muito) específico do meu negócio/segmento.”

 

 Todo gestor se embrenha nos detalhes do seu negócio e do segmento em que ele está inserido (e isso é o que se deve fazer). Assim, é capaz de identificar com clareza quais são os gargalos e problemas que inibem a sua capacidade de vender mais (ou lucrar mais, ou entregar melhor – qualquer que seja o desafio a ser enfrentado).

No entanto, justamente a ação que faz dele capaz de detectar tais falhas faz com que ele não consiga notar padrões que estão além do seu negócio, seus concorrentes ou segmento de mercado. Fica incapaz de perceber a similaridade do seu problema com algum outro, resolvido por outras empresas, ou até por outros segmentos de mercado, que talvez sejam mais maduros e já tenham passado por algo parecido.

É como alguém que se perde em uma floresta e é capaz de ver apenas as árvores ao seu redor. Não é capaz de notar que, a uma curta distância dali, pode haver outro tipo vegetação, outro relevo.

Tal visão limitada faz com que o gestor recorra a repetir fórmulas do passado, que podem ter sido efetivas em outro momento, mas que talvez não funcionem mais. Ou que rapidamente declinem caminhos que lhe pareçam “estanhos” demais, ou que não tenham algum tipo de comprovação prática em seu próprio repertório.

Outro efeito comum é o gestor se lançar em empreitadas olímpicas em busca de soluções mirabolantes e extremamente personalizadas, uma vez que ele entende que essa situação é exclusiva da empresa dele. Tais projetos tendem a ser muito onerosos tanto em tempo, quanto em recursos humanos e financeiros, e, raramente, geram resultados à altura dos esforços para serem colocados em pé (ou em tempo hábil).

Como escapar dessa floresta?

Claro que não existe uma fórmula mágica. Cada pessoa é de um jeito e reage à adversidade de uma maneira, mas notei que alguns comportamentos e hábitos ajudam os bons gestores a evitarem tal cilada:

  • Manter um network ativo, de pessoas de diversos segmentos e ter real interesse por compartilhar e ouvir. Se possível, ter mentores.
  • Ser curioso. Buscar conhecer o que é tendência ou existe de novo (na prática) em mercados que não são os que você atua. Fazer exercícios para entender se essas soluções teriam aplicabilidade no seu negócio (mesmo que ninguém tenha tentado ainda).
  • E, por fim, buscar parceiros de negócios e empresas que prestem serviços de marketing baseados em suas formas de trabalho (metodologias, know-how etc.), ao invés de quais seguimentos de mercado atuam ou têm mais experiência. Da mesma forma que esse conhecimento encurta caminhos no começo da relação ou na solução de problemas mais óbvios, pode dificultar no caso de problemas mais elaborados, uma vez que essas organizações podem ser acometidas pelo mesmo mal.

Transitar pelo mercado com sucesso, se torna uma tarefa cada dia mais complexa, que exige o desenvolvimento de novas habilidades a todo momento. Entender como detectar oportunidades e soluções “fora da sua floresta” é uma dessas habilidades que otimiza recursos, acelera o sucesso e garante longevidade num ambiente de negócios em constante mudança.

Ricardo Abellan

Estratégia e Resultados | Agência GDM